Dia 1: 02 de Junho de 2011

Hoje foi um dia daqueles!

É difícil perder o controle. Não que isso signifique que estejamos ficando loucos. Mas sim que existe algum desequilíbrio que precisa de alguma forma ser restaurado. Eu convivo com a ansiedade desde pequeno. Desde quando ficava irritado na fica do banco quando ia com a minha mãe. Desde quando ficava nervoso enquanto esperava a hora de ir para a balada. Passei a vida toda assim.

Lembro-me de uma vez que fui em uma festa na casa de uma amiga e bebemos vinho e comemos queijo provolone. Passei a semana seguinte todinha com o estomago ruim. Por causa dos exageros? Certamente que não. Tinha uma viagem marcada na semana seguinte. Cheguei ao meu destino e tudo passou. Estava zero bala.

Até que chegou o doutorado, e embora o mesmo tenha sido tranquilo houve momentos.

Depois da Belgica, retornar ao Brasil foi muito estranho. Assumi um cargo de responsa junto com o doutorado e não dei conta do recado. Comi e fumei... E engordei... 145 kilos... Uma vergonha... Mas durante esse período em momento nenhum me senti tal mal quanto nos últimos meses.

Em outubro tomei uma decisão de começar a me cuidar. Fui a um médico que me informou que estava com a pressão alta. Precisava mudar. Cortei o cigarro. Comecei a caminhada e o regime. Tudo sem extremos. Com calma. Uma pessoa normal passaria se sentir super bem... Uma pessoa ansiosa como eu não. Embora eu saiba que meu corpo está melhorando e que estou fazendo um bem a minha saúde minha ansiedade foi la para o céu. Começei a sentir coisas e sintomas que até então estavam camuflados e escondidos no cigarrro e na comida. Uma sensação de medo estúpido e racional que não possuem causa aparente.

E do nada você passa a viver uma vida diferente. É como se houvessem dois Andrés. O real que tem seu trabalho e seus amigos e que todos gostam e o André que vive dentro da minha cabeça sempre alerta. Preocupado. Que consegue achar que uma sensação de sono pode ser o indicativo de alguma doença bizarra. Esse André vive na maioria dos dias escondido e quieto. Mas de vez em quando como hoje ele toma o controle. Dá medo. Porque a gente quer ser a gente mesmo, em controle. Mas eu entendo que esse André ansioso faz parte de mim e simplesmente apagá-lo não vai me ajudar ou resolver nada. Pensei algumas vezes em voltar a fumar já que meu inimigo número 1 é a comida. Mas isso também não resolve o problema diretamente. É algo placebo. Em breve começarei uma vida nova e vou aproveitar essa oportunidade para buscar maneiras naturais de diminuir a ansiedade...

Busco repetir na minha cabeça que está tudo bem, que minha saúde está bem, que eu estou apenas nervoso por estar enrolando o fechamento de um ciclo. Existem verdades que não podem ser negadas. Eu estou sozinho e isso não ajuda. Estar sem gostar de alguém por tanto tempo e não se preocupar com mais ninguém deixa tempo demais para a cabeça processar e pensar sandices.

Trabalhamos com prioridades... Agora quero ir embora. Começar uma vida nova. Resolvido essa etapa quero cuidar do meu coração. Amar e ser amado. É claro. É a parte que falta na minha vida. Todo o resto ta aí. Eu fico animado por isso tudo estar tão próximo. E, lógico, extremamente ansioso por isso. O jeito é dar um passo de cada vez, cortar o café e outros estimulantes e respirar. Nossa cabeça é um grande labirinto e as razões por traz da nossa razão ninguém consegue entender... É isso... Esse é o dia 1. Amanhã voltarei para escrever mais um pouco.

PS: O dia terminou melhor e a ansiedade deu uma diminuída... mas não fui a academia, e fiquei bem quieto no meu canto...